Jeremy Flores garante a vitória sobre o campeão mundial no Billabong Pro Tahiti com o tubo quase nota 10 que surfou em sua primeira onda na final da etapa da World Surf League na Polinésia Francesa.
Colaboração de texto: João Carvalho/WSL
Colaboração de foto: Steve Robertson/Kelly Cestari/WSL
O campeão mundial Gabriel Medina, 21 anos, chegou perto do bicampeonato no Billabong Pro Tahiti, mas o francês Jeremy Flores, 27, começou bem a bateria final com um tubaço nota 9,87 e depois não vieram mais ondas tão boas no mar irregular de Teahupoo para o brasileiro conseguir o segundo título consecutivo na bancada mais temida do Samsung Galaxy World Surf League Championhship Tour. Antes, Medina já havia garantido a ponta do Jeep Leaderboard para Adriano de Souza, 28, quando barrou Owen Wright, 25, nas semifinais, com o australiano dividindo o terceiro lugar com o americano C. J. Hobgood, 36. Os 8.000 pontos do vice-campeonato o levaram da 15ª para a décima posição no ranking, enquanto o novo campeão nos tubos de Teahupoo saltou do 12º para o sétimo lugar e faturou o prêmio máximo de 100 mil dólares pela sua segunda vitória da carreira no WCT.
Só Flores parou Medina. |
Teahupoo é traduzida como a praia dos crânios quebrados e Jeremy Flores competiu usando um capacete para se proteger da perigosa bancada que produz os tubos mais espetaculares do mundo. Isto porque ele teve uma lesão na cabeça durante uma sessão de freesurf na Indonésia, que o impediu de competir na etapa sul-africana em Jeffreys Bay. E as condições estavam difíceis na terça-feira em Teahupoo, com ventos fortes afetando a formação das ondas de 4-6 pés e longos intervalos entre as séries fazendo com que poucas entrassem nas baterias.
Medina vinha sempre pegando bons tubos. |
"Nos últimos anos eu não consegui os resultados que queria, mas porque eu não estava me divertindo mais", analisa o francês, que só tinha vencido o Billabong Pipe Masters de 2010 no Havaí. "O surfe é o esporte mais maravilhoso do mundo, então se você não se diverte surfando, algo está errado. Eu tive realmente que recomeçar e mudar minha mentalidade. Fiz isso por estar perto da minha família e dos meus entes queridos. É por causa deles que voltei a ter a fome que costumava ter antes. Este ano estou indo para vencer e, se não acontecer, tudo bem".
O francês já começou a bateria final pegando um tubaço incrível, ficando muito profundo para ressurgir no spray e largar na frente com nota 9,87. Dois dos cinco juízes deram 10 para ele. Medina falhou nas duas primeiras tentativas e o mar deu uma parada. O brasileiro só pegou sua terceira onda depois de quase 20 minutos, mas o tubo não rodou. Na onda seguinte sim, para Jeremy Flores, que se encaixa de backside para tirar nota 7,00. A série ainda rendeu mais uma onda para Medina finalmente pegar o seu primeiro tubo e ganhar 7,17 para se manter na briga do título. Mas, ainda precisava de uma onda quase perfeita como a do francês no início da bateria.
As séries continuavam demorando a entrar, o tempo ia passando naquelas difíceis condições e Medina querendo uma chance para tentar a nota acima de 9,70 para repetir a vitória conquistada sobre Kelly Slater no mar épico do ano passado em Teahupoo. Ele ainda pega outro tubo, porém a onda não tinha potencial e só rendeu 6,03. Depois não entrou nenhuma outra onda boa, a bateria acabou e a vitória de Jeremy Flores foi confirmada por 16,87 a 13,20 pontos.
"Eu acho que cometi um erro no início da bateria, em deixar o Jeremy (Flores) ter a prioridade (de escolha da próxima onda) para pegar aquele tubo", disse Gabriel Medina. "O oceano ficou muito devagar e eu não consegui encontrar as notas que precisava. Mesmo assim, estou feliz pelo segundo lugar e também pelo Jeremy, especialmente após a sua lesão. Estou muito feliz por estar de volta ao pódio também e só gostaria que tivéssemos mais ondas na final, mas estou feliz com o resultado e por fazer outra final aqui no Taiti".
Owen Wright. |
C. J. recebeu o prêmio em homenagem a Andy Irons. |
C. J. Hobgood. |
Brasil nos pódios - O vice-campeonato de Gabriel Medina no Billabong Pro Tahiti confirmou a boa temporada dos brasileiros na divisão de elite da World Surf League. A bandeira verde-amarela esteve no pódio em cinco das sete etapas, com 2015 começando com a vitória de Filipe Toledo sobre Julian Wilson no Quiksilver Pro Gold Coast. Depois, Adriano de Souza só perdeu no desempate a decisão do Rip Curl Pro Bells Beach para Mick Fanning, mas venceu o Drug Aware Margaret River Pro que fechou a perna australiana para assumir a ponta do ranking e não largar mais a lycra amarela do Jeep Leaderboard até agora.
Italo Ferreira. |
Wiggolly Dantas. |
"Eu apenas tentei fazer o meu melhor, mas o Owen (Wright) é realmente incrível", disse Italo Ferreira, que passou a dividir a oitava posição no ranking com o australiano Josh Kerr e vem sendo o melhor estreante da temporada na elite da World Surf League. "Estou super feliz. É a minha primeira vez competindo aqui em Teahupoo, então foi um grande resultado para mim este quinto lugar. Eu vou voltar para o Brasil agora e já me preparar para tentar conseguir outros bons resultados nos próximos eventos".
Reta final da temporada -Agora todos partem para o próximo desafio nos Estados Unidos, com o Hurley Pro Trestles abrindo a reta final da corrida do título mundial nos dias 9 a 20 de setembro em San Clemente, na Califórnia. Depois vem a "perna europeia" do Samsung Galaxy World Surf League Championship Tour no mês de outubro, com o Quiksilver Pro France nos dias 6 a 17 em Hossegor e o Moche Rip Curl Pro Portugal nos dias 20 a 31 em Supertubos, Peniche, última parada antes do encerramento da temporada 2015 no Billabong Pipe Masters, de 8 a 20 de dezembro em Banzai Pipeline, na ilha de Oahu, Havaí.
RESULTADOS DO ÚLTIMO DIA DO BILLABONG PRO TAHITI:
Campeão: Jeremy Flores (FRA) por 16,87 pontos (9,87+7,00) - US$ 100.000 e 10.000 pontos
Vice-campeão: Gabriel Medina (BRA) com 13,20 (7,17+6,03) - US$ 40.000 e 8.000 pontos
SEMIFINAIS - 3º lugar com US$ 20.000 e 6.500 pontos:
1ª)) Gabriel Medina (BRA) 16.63 x 8.70 Owen Wright (AUS)
2ª)) Jeremy Flores (FRA) 15.86 x 8.93 C. J. Hobgood (EUA)
QUARTAS DE FINAL - 5º lugar com US$ 15.000 e 5.200 pontos:
1ª)) Owen Wright (AUS) 16.93 x 15.94 Italo Ferreira (BRA)
2ª)) Gabriel Medina (BRA) 15.67 x 11.00 Kai Otton (AUS)
3ª)) C. J. Hobgood (EUA) 12.90 x 11.16 Josh Kerr (AUS)
4ª)) Jeremy Flores (FRA) 16.83 x 15.66 Kelly Slater (EUA)
QUINTA FASE - Vitória=Quartas de Final / Derrota=9º lugar com US$ 12.750 e 4.000 pontos:
1ª)) Italo Ferreira (BRA) 15.00 x 0.00 Filipe Toledo (BRA)
2ª)) Kai Otton (AUS) 13.50 x 11.76 Bruno Santos (BRA)
3ª)) C. J. Hobgood (EUA) 14.36 x 14.00 Aritz Aranburu (ESP)
4ª)) Jeremy Flores (FRA) 13.37 x 13.23 Wiggolly Dantas (BRA)
TOP-22 NO JEEP LEADERBOARD DA WORLD SURF LEAGUE - após a 7ª) etapa no Taiti:
1º) Adriano de Souza (BRA) - 34.950 pontos
2º) Mick Fanning (AUS) - 34.700
3º) Owen Wright (AUS) - 34.400
4º) Julian Wilson (AUS) - 33.200
4º) Filipe Toledo (BRA) - 33.200
6º) Kelly Slater (EUA) - 28.400
7º) Jeremy Flores (FRA) - 27.250
8º) Josh Kerr (AUS) - 24.900
8º) Italo Ferreira (BRA) - 24.900
10) Gabriel Medina (BRA) - 24.150
11) Nat Young (EUA) - 22.750
12) Taj Burrow (AUS) - 22.700
13) Wiggolly Dantas (BRA) - 21.250
14) Kai Otton (AUS) - 20.100
15) Bede Durbidge (AUS) - 19.450
16) John John Florence (HAV) - 18.250
17) Matt Wilkinson (AUS) - 16.750
18) Joel Parkinson (AUS) - 16.700
19) Jadson André (BRA) - 15.450
20) Adrian Buchan (AUS) - 14.500
21) Sebastian Zietz (HAV) - 13.250
22) Keanu Asing (HAV) - 13.000
26) Miguel Pupo (BRA) - 10.750
33) Alejo Muniz (BRA) - 7.950
39) Bruno Santos (BRA) - 4.000
41) Tomas Hermes (BRA) - 500
41) Alex Ribeiro (BRA) - 500
41) David do Carmo (BRA) - 500
PRÓXIMAS ETAPAS DO SAMSUNG GALAXY WORLD SURF LEAGUE CHAMPIONSHIP TOUR 2015:
8ª: Set 09-20) Hurley Pro at Trestles em Lower Trestles, San Clemente, Califórnia - Estados Unidos
9ª: Out 06-17) Quiksilver Pro France em Hossegor, Landes - França
10: Out 20-31) Moche Rip Curl Pro Portugal em Supertubos, Peniche, Cascais - Portugal
11: Dez 08-20) Billabong Pipe Masters em Banzai Pipeline, Oahu - Havaí
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