Albanês naturalizado brasileiro pede mais
consciência da população e acredita na realização dos Jogos em 2021: “Será um
sacrifício muito grande”.
Colaboração
de texto: Nelson Ayres/Foto&Ação
Colaboração de foto: Wander Roberto/COB
O pesista Serafim Veli tem marcas na alma.
Albanês naturalizado brasileiro, deixou seu país muito novo, por causa da
guerra civil deflagrada. Alguns anos depois, o inimigo é outro, mais sutil e
tão letal quanto as balas que cruzavam a casa de sua família, em Tirana. A
pandemia do novo coronavírus o assusta, chegou a provocar um desânimo, mas o
fez buscar a superação novamente.
Segundo Veli, os momentos mais difíceis como
atleta foram no início da pandemia: “Foi um ano muito difícil. Estava me
preparando para os eventos classificatórios para Tóquio. A preparação era muito
forte e tive que jogar tudo fora. Graças a Deus, superei. Eu fiquei um tempo
parado, perdi a motivação, a vontade de treinar. Sem objetivo, você perde a
vontade. Busquei outras coisas, ficar mais tempo com meu filho, deixar o corpo
descansar mais”, lembra.
Para quem enfrentou a guerra civil e precisou
se refugiar na Grécia para continuar a vida, encarar as restrições impostas
pela pandemia parecem ser mais simples. Pelo menos, em termos de entendimento
do que se passa ao redor. Assim, o atleta pede um pouco mais de consciência das
pessoas nesta segunda onda de casos, que lota hospitais país afora.
“Essa é uma guerra biológica. Às vezes, as
pessoas não entendem que isso é um negócio sério. Acham que é uma gripe, um
resfriado. Um primo da minha esposa (a brasileira Aline) faleceu aqui no
Brasil. Na Europa, meus parentes se cuidaram bem. Tenho filho (Bruno) e preciso
me proteger duas vezes. Tem que se proteger mesmo, a vida é bonita, tem que se
cuidar”, avisa.
Segundo Veli, o problema não é a cultura
brasileira e sim a maneira como as pessoas encaram a situação: “Depende de como
a pessoa leva a vida. Se leva a sério, vai se proteger. O problema são os
jovens, que acham que são invisíveis. Meu pai, de 65 anos, que é do grupo de
risco, ficou em casa. Amigos o chamaram para tomar um café e ele respondeu que
prefere tomar café em casa, pois gosta da vida. Eles levaram a sério”. O atleta
acredita que os governantes também podem criar medidas mais efetivas e multas
para quem não cumpre as determinações.
Última
Olímpiada
Serafim Veli sabe que esta é a sua última
chance de disputar uma Olimpíada. Sua última chance de concretizar um projeto
de vida: “Quero chegar entre os oito melhores. É um sonho que tenho como
atleta. A gente tem que superar. É muito difícil viver assim. Acho que vão
acontecer os Jogos Olímpicos, com muito sacrifício. Alguns atletas, como eu, não
conseguem mais suportar a carga de treinos para buscar outra Olimpíada”.
Depois dos Jogos, pretende continuar
competindo, no plano nacional. Mas já tem um novo objetivo de vida: “Quero
passar o que aprendi para outros atletas. Estou criando um projeto em Santo
André, onde vou trabalhar como treinador, com crianças”.
Lições para os jovens não faltam.
![]() |
Serafim Veli buscará vaga nos Jogos de Tóquio. |
Colaboração de foto: Wander Roberto/COB
Nenhum comentário:
Postar um comentário